Poder controlar suas próprias escolhas é um passo significativo no desenvolvimento do ser humano. É durante o período da adolescência que o ser humano se depara pela primeira vez com a tomada de decisões. De acordo com a hebiatra Elizete Prescinotti é muito importante que os pais comecem a estimular o adolescente a fazer suas próprias decisões, dando liberdade para que ele escolha livremente a carreira e espaço, para que defina sua personalidade, gostos e orientação sexual. Além de incentivar a independência do adolescente, a médica ressalta que é essencial apoiar a decisão feita. “Aos poucos os pais têm que transferir decisões para o adolescente e apoiar essas decisões, porque não adianta nada falar para que ele tome as decisões e quando o adolescente toma, os pais criticam”, afirma.
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É na adolescência que ocorre a formação do córtex pré-frontal, a área do cérebro responsável pelas funções executivas de planejamento, tomada de decisão, controle inibitório, atenção e memória. Embora a formação completa do córtex pré-frontal só ocorra aos 24 anos, o adolescente já tem condições de tomar decisões bem antes de atingir a maturação dessa área. Os pais só precisam ajudá-lo a fazer escolhas bem pensadas, evitando que ele aja de maneira impulsiva ou que se envolva em comportamentos de risco. E isso pode ser feito através do diálogo, conta Elizete. “É importante conversar com o adolescente, ajudá-lo a avaliar o risco, apontar várias questões, porque entendendo como tudo funciona, é mais fácil que ele use isso a favor dele mesmo”, diz.
Umas das razões pelas quais o adolescente tende a assumir comportamentos de risco é a gratificação imediata. Segundo a psicóloga Thais Pilon o cérebro do adolescente é mais predisposto a tomar atitudes que resultem em sensações prazerosas. Como o córtex pré-frontal ainda não está operando perfeitamente como na idade adulta, o cérebro adolescente responde muito melhor à recompensa, valorizando o prazer e a satisfação e ignorando os riscos. “O cérebro adolescente está mais predisposto a sentir e a procurar por situações em que gere mais adrenalina e libere alguns neurotransmissores da satisfação, do prazer. Então ele é um cérebro mais impulsivo sim e isso se manifesta em comportamentos de risco”, explica.
A melhor forma de lidar com essa busca por recompensa é redirecioná-la para coisas que façam bem ao adolescente. O hebiatra Benito Lourenço diz que é muito mais eficaz mostrar ao adolescente o que ele tem a ganhar em uma situação do que evidenciar o que ele tem a perder. “Eu posso ter um adolescente com dificuldade em matemática que tem uma prova para terminar o ano e dessa prova dependerá a nota final, se o indivíduo vai mudar de série ou não vai mudar de série. Eu posso chegar para um menino desse e para uma menina dessa e falar ‘olha, se você não passar, se você não for bem nessa prova, se você não estudar você vai bombar, você vai perder o ano, você vai ficar de recuperação’. Eu poderia trocar por ‘olha, se você conseguir passar por essa prova você vai ganhar duas ou três semanas a mais de férias, porque não vai ter recuperação e nessas duas ou três semanas a mais de férias você vai poder viajar mais, vai poder ficar mais com a tua namorada, vai poder ficar mais com seu videogame’”, exemplifica.
Dessa maneira, o adolescente se sente mais motivado a realizar as atividades, que geralmente não sente tanta vontade de fazer. O médico também esclarece que há também muitas coisas positivas no modo como o cérebro do adolescente se desenvolve.
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